segunda-feira, 30 de junho de 2008

A batalha do consumidor

Da carne ao pãozinho. Com a inflação, só não sobe o salário mínimo. E apesar de o presidente Lula sair falando por aí que está conseguindo conter o fenômeno, o consumidor só afirma o que sente no bolso: que o preço dos alimentos está alto e que a tendência é ficar ainda pior. Segundo o IPCA – 15, índice de inflação, os alimentos subiram mais de 8% no semestre.

Nos jornais (impressos, televisivos, radiofônicos etc.), depoimentos de pessoas nos supermercados ilustram a situação. É a dona de casa que teve que substituir a carne pelo frango, é o trabalhador que deixou de comprar o feijão para a família. Porém, ninguém precisa ler, assistir ou ouvir algo que sente na pele. Com a inflação, o descontentamento é geral e até comprar a cesta básica (básica mesmo, já que não garante nem 50% da alimentação saudável necessária para uma família de quatro pessoas) está um tormento.

A solução para o problema Lula deixou claro em seu programa de rádio “Café com o presidente”: aumento na produção de alimentos para garantir que os preços fiquem mais justos e que o Brasil possa exportar para os países que estão passando por essa mesma inflação. Simples, não? Mas como fica a oferta de alimentos no inverno, quando os agricultores do sul do país, principalmente, perdem toda a colheita com as geadas? Espero que o presidente tenha considerado os fatores climáticos. E, espero ainda, que ele considere que para se poder exportar alimentos é preciso que a oferta destes no mercado interno consiga dar conta da demanda, o que não acontece nesses tempos em que a inflação só tende a aumentar.

Além disso, a Fitch Ratings – agência de classificação de risco –, em nota, afirma que a desaceleração da economia norte-americana (já que o Banco Central norte-americano pretende aumentar as taxas de juros) diminuirá a demanda de exportação. Pra quem então o Brasil irá exportar alimentos, já que alguns países da America Latina, como Argentina e México, vêm aumentando suas taxas de exportação para garantir a oferta de alimentos no mercado interno pelos próprios produtores rurais destes países?

E, com o aumento das taxas de juros norte-americanas, não são só as exportações brasileiras que saem prejudicadas. A moeda brasileira tende a desvalorizar, já que o Banco Central tem cada vez mais receio de aumentar nossas taxas de juros, pressionado pela inflação (o que acaba o fazendo renunciar de suas próprias políticas monetárias). Assim, ou ocorre a desvalorização da moeda, ou o crescimento econômico do país pode sair prejudicado, caso o Banco Central opte por aumentar as taxas de juros brasileiros em resposta ao aumento norte-americano.

O Copom (Comitê de política monetária do Banco Central) já aumentou a taxa básica de juros de 11,75% para 12,25% ao ano e segundo os diretores do Banco Central, os juros continuarão sendo aumentados “enquanto for necessário”. Porém, ninguém quer arriscar para ver o resultado. E, com isso, continuamos na mesmo luta para garantir o “pão de cada dia”. Só nos resta observar os noticiários para descobrir se a inflação deslancha ou ameniza e assim selecionar os produtos que farão parte do cardápio do dia.

Escolher entre vários de alimentos com o preço lá em cima e poucos alimentos com preço baixo vai ser a maior batalha do consumidor. Afinal, da carne ao pãozinho, sobrou pouca coisa. O que é que o brasileiro vai consumir nesses dias de inflação crescente? Eis a questão.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Curso de pastor. Pode?

Curso de Administração Eclesiástica. Alguém já ouviu falar em uma coisa dessas? Talvez seja desinformação minha, entretanto fiquei sabendo disso por meio do produto jornalístico feito pela equipe em treinamento da Folha de S. Paulo. Muito bom o produto, apesar de eu não concordar com a forma como as pessoas entram nesse curso: uma prova que mais parece vestibular. Esse tipo de coisa nunca vai afirmar quem seria ou não apto para estar na redação da Folha, convivendo com grandes mentes do jornalismo. Afinal de contas, saber tudo que aconteceu na história do Brasil em detalhes não prova se a pessoa é competente ou não para fazer uma matéria básica. Como eu já disse anteriormente, eu posso afirmar isso por experiência própria, ainda bem que não porque eu sou assim, mas porque estou cercada desse tipo de pessoa.

Mas, enfim, voltando à reportagem em questão. Se alguém já teve a oportunidade de entrar em qualquer igreja evangélica, principalmente na IURD (apelido carinhoso para a Igreja Universal do Reino de Deus), deve saber muito bem o que seria o tal curso de “Administração Eclesiástica”. Em suma, seria um curso para o pastor aprender a arrancar dinheiro de pessoas que recebem, às vezes, menos de um salário mínimo. Muitas vezes o curso também ensina a fazer lavagem cerebral em pessoas desesperadas e forma um maravilhoso ator, neste caso o pastor.

O mais indignante é que por 450 reais, você recebe o curso na sua casa. E é visível que ele realmente funciona, já que igrejas como a Bola de Neve Church (só o nome já diz tudo) nunca iriam dominar o globo se não fosse por pura lavagem cerebral. “O bola” como dizem os freqüentadores, assim como as outras igrejas evangélicas, usam as doenças, as tristezas e as angústias de seus fiéis para arrecadar milhões e enriquecer seus fundadores, tudo em nome de Jesus (se Deus existe deve já ter se arrependido de criar o homem, já que ele não deixa nem seu filho em paz). Fico me perguntando para que Jesus usaria todo esse dinheiro. É o cúmulo se aproveitar da fé dos outros para ganho próprio.

Já vi pessoas que não tem o que comer em casa, mas que pagam com freqüência o dízimo da igreja. E não é doação de um real ou dois. No meio do “culto”, os pastores chegam a pedir várias vezes o dinheiro dos fiéis, que não deixam de contribuir porque acreditam que serão castigados ou que não serão agradecidos o suficiente pelas coisas que conseguiram em oração. Há quem contribui com mais de 20% do seu salário mínimo para que o pastor possa comprar a cobertura do prédio mais chique da cidade, sem brincadeira nenhuma.

E não posso esquecer de dizer também que o curso ensina como fazer aquelas cenas de possessão em frente às pessoas. Sim, ele ensina. E, segundo a reportagem, ver coisas sobrenaturais é a alegria dos fiéis, em sua maioria pobres. Por isso, é importante que o pastor seja, acima de tudo, um ótimo ator. Tudo para arrecadar dinheiro para o Senhor, óbvio.

Nessas horas que eu paro para pensar. Os meios de comunicação, que deveriam ser um meio de educação e conscientização para a população mais carente, não fazem nada para mostrar a verdadeira face dessas instituições. E quando o fazem, não é para desmascarar, mas para ganhar em cima disso. É como quando o papa vem ao Brasil. Por que os meios de comunicação fazem aquela loucura em volta de um ser humano igual a todos nós, que não representa porcaria nenhuma, mas apenas as idéias de uma elite totalmente ultrapassada?

Interesse. É essa a resposta. Não é a toa que a igreja católica vem lutando contra as igrejas evangélicas. E o meio mais fácil de lutar contra elas é se expondo cada vez mais na mídia, até pra divulgar, por exemplo, a implantação de mais pecados capitais. Coisa totalmente absurda. Porém a globo, principalmente, apóia a igreja católica porque ela compartilha dessa luta. A luta pela audiência que vem sendo tomada pela Record nos últimos tempos, que é administrada por evangélicos e que instiga seu rebanho de centenas de fiéis a assistirem sua programação. De fato, as igrejas universais vêm arrancando fiéis das igrejas católicas justamente porque esta continua se preocupando com coisas que não tem a ver com a realidade do nosso povão. O povão quer ser ouvido, quer um ombro amigo, e, infelizmente, consegue isso nas igrejas evangélicas. Claro que tudo é marketing, porém é marketing bem feito, vamos convir

Entretanto, se a mídia fizesse sua parte, promovendo o bom e velho jornalismo que nunca existiu, provavelmente as coisas seriam diferentes. E, talvez, em vez de divulgar ignorância, ela conseguisse transformar o Brasil em uma nação menos preocupada em enganar e mais preocupada em mudar, aprender e ensinar.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Opening

Finalmente decidi que era isso que faltava. Ouvi tantas vezes meus professores falarem do tão famoso “espaço público” (Habermas, bless it be) e, por incrível que pareça, sempre achei que postar em blog não daria muito certo. Os motivos? Ah, preguiça; má vontade, talvez... Mas, ontem, um certo ser humano iluminado, que por sinal está muito longe de reconhecer o real sentido da blogosfera, me convenceu, com apenas algumas palavras, que isso pode ser um bom lugar para explicitar algumas idéias contidas. Não se sabe ao certo, mas, talvez, você que está lendo isso sinta a mesma coisa que eu. Talvez, você também sinta vontade de dizer certas coisas que, por razões medíocres, o mundo discriminaria.

Só quero deixar bem claro que isso não se trata de um diário virtual – se virar um, sintam-se a vontade para me avisar -, mas sim de uma análise das atitudes do mundo e, principalmente, de uma análise da mídia diante dessas atitudes. Por que a mídia? Porque estou prestes a me inserir nela.
Mas antes deste inevitável acontecimento, quero apenas reconhecer algumas situações um tanto quanto visíveis com relação aos nossos amigos jornalistas dos meios de comunicação de massa – não reconheço a massa como o consagrado Bonner, afinal, até agora fiz parte dela e não me pareço em nada com o Homer Simpson.

Nos quatro anos de universidade aprendi que:

1. Jornalista acha que é Deus, e isso é fato (prova disso está nas ações de Tim Lopes, que foi endeusado depois que descobriu que não era imune a balas de revólver);
2. Jornalista não é imparcial, muito menos objetivo (o que resulta em reportagens que expõem ideais do jornalista e de terceiros e que não fazem questão nenhuma de explicar isso a um público que acaba assumindo essas opiniões como verdade absoluta);
3. A rede globo é um império que se baseia no seu público alvo, em sua maioria pobre e sem condições financeiras, para divulgar ainda mais ignorância em matérias manipuladas;
4. A classe dos jornalistas é a mais desorganizada que existe, apesar de todos saberem muito bem que a comunicação bem feita traz ganhos (eles ficam aí com um mísero salário, saem reclamando e não usam nada que aprenderam nos quatro anos do curso para mudar o quadro, pelo contrário, empurram com a barriga e deixam alguns coitados sozinhos para cuidar disso tudo);
5. A maior parte dos jornalistas formados não sabe regras básicas de português e não consegue escrever uma sentença inteira sequer que tenha algum sentido (digo isso por experiência própria, já que no meu mundo acadêmico, de quarenta alunos, uns cinco são aptos para exercer a profissão com louvor; o restante vai virar professor universitário e transformar as universidades de jornalismo em refúgio de jornalistas sem competência, piorando, assim, ainda mais o ensino superior de jornalismo);
6. Alguns jornalistas de jornais impressos fazem matérias inteiras pelo telefone sem nunca ter entrado com contato com o assunto que está noticiando, trazendo ao público questões que, às vezes, nem verdadeiras são.

Essas são algumas das coisas que eu aprendi. Não teria como colocar todas aqui. E por falar tudo isso eu não estou dizendo que eu não faço, ou não farei, parte de algumas dessas situações. Mas é bom que você, talvez leigo no assunto, entenda que a mídia é o lugar das manipulações e das segundas intenções. Na mídia nada acontece por acaso.

Eu pretendo, neste blog, aprofundar essa questão e também pretendo trazer alguns acontecimentos cotidianos, comentários e opiniões, ligados a assunto que estão sendo publicados nos meios de comunicação.

Espero que este blog possa fazer parte da sua leitura diária na web e até mesmo da sua rede na blogosfera.

O blog, obviamente, vai passar por alguns melhoramentos durante algum tempo para que chegue ao esperado.

Abraços,
Le Reporter